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Guia completo para um bom resumo

O que você precisa saber antes de pensar em como decorar



O resumo é uma ferramenta de aprendizado muito valiosa, seja para os primeiros anos de estudo ou para graduações e afins. Em nossa era digital, onde o volume de conteúdo a que estamos expostos é cada vez maior e mais difícil de acompanhar, saber resumir bem é um trunfo crucial.


Resumos trazem agilidade ao processo de aprendizagem e facilitam futuras revisões. Estamos mais familiarizados com resumir do que temos consciência, muito do que consumimos na internet e até mesmo comunicamos na linguagem informal, são resumos.


Existem várias formas de estruturar um resumo e é bem provável que se você chegou até esse texto, já tenha esbarrado nelas aqui pela internet. Fichamentos, mapas mentais, flashcards, método Cornell, etc. Aqui não trataremos dessas formas específicas, mas sim da base para que qualquer uma delas seja feita. Ou seja, as técnicas para decompor um conteúdo e sintetizá-lo.


Esses serão os tópicos abordados no decorrer do texto. Se essa não for sua primeira vez por aqui ou estiver procurando uma informação específica, espero que o sumário possa te ajudar.


Índice



O que é


Resumo é uma descrição ou exposição da síntese de algo. É um gênero textual, embora hoje em dia possamos encontrá-lo nos mais diversos formatos. O propósito de um resumo é garantir que seu consumidor encontre as ideias principais, o sentido do que foi resumido, numa apresentação breve e fiel ao conteúdo original. O resumo não acrescenta informações ou opina e não se trata de uma cópia. O resumo de um texto, produz um novo texto. Quão específicas e quais informações deverão ser mantidas no resumo, depende de sua finalidade e público alvo.


Especialistas sugerem que deve conter pelo menos 30% do conteúdo original. Por exemplo, o resumo de um texto de 10 páginas deverá conter 3 laudas.


Tipos


A Norma Brasileira, NBR 6028/2003 classifica 3 tipos de resumos:


1. Indicativo


Indica apenas os pontos mais relevantes do conteúdo. Sem exemplos ou trechos da fonte original, não acrescenta dados qualitativos e quantitativos. É o mais utilizado para estudos e requisitados nas escolas. Pode demandar a leitura do material de origem.

2. Informativo


Traz os principais pontos do conteúdo, sintetizando seu sentido geral, dados qualitativos e quantitativos. É o mais indicado para artigos científicos e acadêmicos. Pode dispensar a consulta do conteúdo original.

3. Crítico


A também conhecida como resenha crítica. Sintetiza um conteúdo a partir do ponto de vista do autor, trazendo suas opiniões e juízos de valor.


Como fazer


1. Leitura analítica


Tanto no sentido literal, no caso de um material escrito, quanto (e principalmente), no sentido de consumir o conteúdo com um olhar atento a seus detalhes. Essa leitura deve garantir a compreensão e responder a pergunta: do que se trata? Ou seja, qual é o tema? É o momento de procurar o significado das palavras que desconhece, captar o sentido de frases mais longas e complexas, etc.

2. Sumarização


A sumarização é um processo fundamental na construção de um resumo. Consiste em eliminar informações secundárias, aquelas que explicam, exemplificam ou reforçam informações já passadas. Em outras palavras: enxugue.


Segue um exemplo através de trechos de um texto. Tais critérios de exclusão podem ser aplicados a outros formatos.


“Se buscamos novos rumos para a ciência, devemos procurar por revoluções científicas. Quando não há revolução científica em andamento, a ciência continua a progredir em velhas direções.

A frase em negrito é uma explicação. Expressões e passagens que justificam o que acaba de ser dito, podem ser eliminadas num resumo.


“Quando não há revolução científica em andamento, a ciência continua a progredir em velhas direções. É impossível prever a ocorrência de revoluções científicas, mas às vezes pode ser possível imaginar uma revolução antes que aconteça.

A frase em negrito é um comentário do autor. Também é uma forma de repetir a ideia principal já passada e, por isso, pode ser excluído.


“Há dois tipos de revoluções científicas, aquelas impulsionadas por novos instrumentos e aquelas estimuladas por novos conceitos. Em seu famoso livro A estrutura das revoluções científicas, Thomas Kuhn referiu-se quase exclusivamente a conceitos, praticamente não se ocupando de instrumentos.

A frase em negrito é um exemplo. Exemplos constituem uma expansão de um tópico abordado, logo, podem ser eliminados.


“O efeito de uma revolução conceitual é a explicação de coisas antigas de maneiras novas. O efeito de uma revolução instrumental é a descoberta de coisas novas que precisam ser explicadas. Em quase todo ramo da ciência, mas especialmente na biologia e na astronomia, tem havido uma preponderância de revoluções instrumentais.

A frase em negrito são informações complementares, portanto, podem ser descartadas.

3. Organização


Ótimo depois de passada essa peneira no texto, é hora de organizar o que sobrou. As informações essenciais. E aqui cabe o método com que você melhor se afinar. Eu, por exemplo, gosto muito de fazer mapas mentais com as palavras-chave. Todo texto tem palavras-chave, elas gritam o tema. Identificá-las facilita a se manter dentro dele durante a síntese.


4. Resumo


Aqui chega a hora da verdade. Destampe a caneta ou comece a digitar.


É importante ressaltar que resumir nada tem a ver com copiar ou transcrever o que sobrou das etapas acima. O resumo gera um novo conteúdo, mais conciso, que traz o entendimento absorvido pelo autor do conteúdo original, embora não seja opinativo.


A última coisa que um resumo deve parecer é uma colcha de retalho de frases. Contra isso vigoram duas palavrinhas mágicas: coesão e coerência.


A coesão fala sobre regras gramaticais, bom uso de conectivos (essencial em qualquer texto), boa escolha de palavras e etc. A coerência fala sobre o contexto do assunto tratado e a lógica esperada dentro disso. Um texto coerente faz sentido para o leitor, o contrário não acontece.


5. Revisão


Seu resumo não é uma obra prima brilhante e pronta para ganhar o mundo, logo que você põe o ponto final. Todo conteúdo precisa de revisão. Se puder, deixe-o descansar por pelo menos um dia. Deixe sua mente e seus olhos respirarem um pouco, antes de revisar. É quase mágica a diferença que um pouco de descanso faz na produtividade e qualidade, sobretudo de textos.


Analise se seu resumo encaixa em tudo o que deve. Se puder, releia em voz alta, ouça como o encadeamento soa. Lembre-se que um resumo deve ser compreensível mesmo para alguém que não teve acesso ao conteúdo original. Oferecer para um amigo pode ser um bom feedback.


No caso do seu resumo ter propósitos acadêmicos além do estudo pessoal, não esqueça de fazer as devidas citações e referências fontes.


Considerações finais


Pratique! Nada tornará resumir mais fácil, menos assustador e mais útil do que a prática. Resumos facilitam a memorização, compreensão e interpretação, habilidades que só acrescentam em qualquer área da vida.


Bom trabalho o/


 

Fontes:

DYSON, Freeman, Mundos imaginados. Trad. de Cláudio Weber Abramo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. -43-44. (Fragmentos).

COCHAR T.; CEREJA, W. Expondo e comprovando. Texto & Interação. São Paulo: Atual, 2009. p. 52-56

ABAURRE M.L.; ABAURRE M.B.; PONTARA M. Texto enciclopédico. Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2008. p. 578-579.

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