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Como melhorar cenas fracas

Faça sua cena acertar o leitor como um soco do qual ele irá te agradecer.

Artigo: Como melhorar cenas fracas

Parecia incrível quando surgiu em sua mente, talvez enquanto você tomava banho ou lavava uma louça. Você podia sentir em sua pele o sentimento dos personagens, os diálogos soavam inteligentes, sacadas perfeitas. Havia adrenalina e emoção, você visualizava como num filme, esperava que fosse uma das cenas preferidas dos leitores.


E então, depois de olhar para o que escreveu, a decepção. Não se parecia em nada com o que viu em sua mente. Onde estava toda aquela sensação? Seus leitores betas não demonstraram o entusiasmo que esperava. Era... fraco.


Isso já aconteceu com você? Vira e mexe acontece comigo. Essa foi a motivação desse artigo, espero que ajude mais alguém a lidar com esses momentos terríveis.



Quando falamos em cenas, encontramos frequentemente a analogia com tijolos. Mas por que cenas são como tijolos?


Porque são partes estruturais importantes de um todo. Um capítulo, um conto, um roteiro, seja qual for o formato é composto de cenas que se entrelaçam. Daí a necessidade da sua cena ser um tijolo forte. Cenas fracas não só geram pouco impacto, elas comprometem a estrutura geral da história e ninguém quer ver sua trama desmoronar.


Para tentar escapar disso, precisamos começar pela compreensão do básico.


Índice:



Beat, cena e sequência


Beat, cena e sequência são unidades narrativas de dimensões diferentes, mas conceitos similares de intenção e obstáculo — elementos básicos de qualquer história.



  • Beat;

É a menor unidade dramática existente. Beat significa batida e assim como na música, quantos mais beats uma história tem, mais rápido o ritmo.


Segundo o professor de escrita criativa, Robert Mckee:


“Um beat é uma mudança de comportamento que ocorre por ação e reação.”

Uma sequência simples de comportamento, equivalente aqui a uma decisão, seguida por uma ação, que é a atitude tomada pelo personagem (eficiente ou não) baseada nessa decisão. Essa ação gera uma reação que, de alguma forma, o obriga a mudar de comportamento, ou seja, uma nova tomada de decisão. Levando a um novo beat.


Por exemplo: Personagem A está prestes a vender a empresa da família (decisão). Ele senta para ler o contrato antes de assinar (ação). Dentro do contrato, encontra um bilhete com a mensagem “não assine! Eu sei quem matou seu pai. Rua Osíris, 3:30” (reação gerada pelo universo da história). Ele põe o contrato de lado (decisão gerada pela mudança de comportamento). De madrugada, ele se levanta para ir ao local marcado (início de um novo beat).

  • Cena;

McKee nos diz que:


“Cena é uma ação através de conflito em tempo mais ou menos contínuo que transforma a condição de vida de um personagem em pelo menos um valor com grau de significância perceptível.”

Uma cena é a ação dramática gerada por um conjunto de beats. Mas embora, assim como disse McKee, o ideal fosse que toda cena terminasse alterando algo no estado inicial do personagem, mesmo que ínfimo, outros escritores já estão prontos para admitir que nem sempre isso acontece.


Nesse caso, consideramos acima disso sua maior característica: ser uma unidade de tempo e espaço. Logo, uma cena muda se alteramos o lugar ou o tempo em que se passa.

  • Sequência;

“Uma série de cenas, geralmente de duas a cinco, que culminam com impacto maior do que qualquer cena anterior.” — Robert McKee

Lê-se impacto maior como mudança de comportamento. Esse conjunto de cenas devem conversar entre si, trazendo para a sequência um clima coeso, enquanto escalonam para uma finalização que tire o fôlego do seu espectador um pouco mais do que cada cena até ali foi capaz de fazer e o deixe instigado a continuar — ou pensativo sobre sua história, se esse for o capítulo final.


Compreendem porque uma cena fraca é tão nociva? O impacto de uma sequência fica comprometido quando uma cena fraca destoa o encadeamento e se isso quebrar também a suspensão da descrença do seu leitor, pode ser que você o perca em definitivo.

Chega de te assustar, vamos ao que podemos fazer para fugir disso:


Confira a estrutura


Considerando como trama, um conjunto de acontecimentos, sendo estes, cenas, sequências e atos, a estrutura é a forma como a trama é montada.


Citando novamente McKee:


“A função da estrutura é prover pressões progressivamente construídas que forçam o personagem a enfrentar dilemas cada vez mais difíceis.”

Estrutura é a montagem e organização dos beats de forma escalonada para produzir determinado efeito no leitor/espectador. A estrutura garante que sua cena soe baseada nas anteriores e condizente no contexto da história.


Ou seja, uma cena muito boa no lugar errado, para o leitor, é uma cena fraca.


Seguindo o raciocínio de que todos os elementos narrativos trazem dimensões diferentes do mesmo conceito, conferir a solidez da estrutura da sua cena, quer dizer conferir seu início, meio e fim. Gancho, desenvolvimento e clímax.


E o que exatamente você deve conferir nesses estágios?

  • Início = Gancho = Objetivo;

Seu início deve mostrar a ação. Não necessariamente no sentido de agitação, luta e etc, mas sim apresentação de conflito. Precisa ser um pontapé certeiro para desencadear o fluxo de reações e novas ações, algo importante e que afete o futuro dos personagens.


O que está em jogo? Histórias são sobre personagens querendo algo e o caminho percorrido na busca desse objetivo — que pode ou não ser alcançado. Cenas são isso em escala menor. São os passos, os obstáculos. Os desejos menores dentro do desejo principal. O objetivo do personagem na cena, determina seu propósito.


Esses são os beats que você quer que fiquem marcados na mente do consumidor da sua história.

  • Meio = Desenvolvimento = Conflito;

O meio é sobre reação. É onde o conflito apresentado no início se desenvolve e a tensão cresce. O espectador respira um pouco mais, porém tem muito o que pensar, uma vez que os personagens estão processando suas consequências e escolhendo suas próximas decisões.


Quando digo processando as consequências, quero dizer que aqui ele se depara com obstáculos. O desenvolvimento ocupa a maior parte da cena. De novo, assim como na questão da ação, não é obrigatório que o obstáculo/conflito seja uma briga ou algo nesse sentido. O obstáculo deve soar como uma oposição natural ao objetivo, arriscando as chances do protagonista de alcançá-lo.

  • Final = Clímax = Desastre;

O conflito deve ter alguma conclusão. Mas, calma, como a maioria das cenas precedem outras cenas, essa conclusão tende a não ser algo decisivo.


Encontramos o termo desastre muitas vezes no estudo do assunto. Apesar da força do termo, não significa que toda cena deva terminar com uma catástrofe. O desastre simboliza um lembrete para que as apostas na história continuem altas, desequilibrando o personagem.


Bem como no conflito de desenvolvimento, seu desastre também deve ser uma resposta natural daquele universo. Ou seja, verossímil, de tamanho proporcional ao conflito que o criou.


Escreva imagens — o tal do show don’t tell


Se você aí, lendo isso, já está há algum algum tempo estudando o assunto, sabe que “mostre, não conte” é uma máxima da arte de contar histórias. O motivo também é óbvio. Contar causa o mesmo efeito de uma fofoca pela metade, é frustrante. Mostrar causa impacto, gruda na mente do leitor. Faz com que se envolvam na história.


Esse é o conselho. Escreva imagens.


Por que?


É provável que você não se lembre das cenas mais marcantes de seus livros favoritos como as exatas palavras escritas nos parágrafos e sim, como as imagens que criaram em sua imaginação.


Qual é o poder da ficção escrita? É o poder de fazer traços de tinta num papel ou um amontoado de palavras numa tela, despertarem na mente do leitor a memória visual de experiências nunca vividas, mas que podem soar tão reais quanto as experiências de quem as consome.


Nós que escrevemos precisamos pensar não só em ideias, como em gênero, estilos, técnicas, estrutura. Tudo isso é importante, porém, para os leitores, sua história são essas imagens e memórias que ficarão com eles quando a leitura acabar. As luzes, cores, sensações e emoções.


E o que pode nos ajudar a escrever imagens?

  • Cheque os limites da descrição (nem de mais, nem de menos);

Como você descreve a cena é diretamente responsável por como o leitor visualizará a história. Se você quer que ele sinta um clima de romance, tristeza, medo ou qualquer outra emoção, isso depende da descrição.


Mas não quer dizer que descrever ao máximo cada detalhe é a solução. Pelo contrário, descrição demais pode enfraquecer uma boa cena, torná-la pedante. O excesso de informação tende a confundir o leitor do propósito da cena. É normal que ele se pergunte “por que estou lendo isso?”. Se ao término da cena, ele ainda não souber responder, a continuidade do leitor na história está em risco.


A dica para não descrever demais é ter uma ideia clara do que se quer passar na cena e porque seria importante para o leitor receber essas informações.


Escreva com liberdade aquilo que lhe vier a ponta da caneta ou dos dedos no teclado. Depois, releia com essa pergunta em mente.


E se demais é ruim, de menos também é. Uma descrição pobre não consegue tornar uma cena forte, pois não dá aos leitores o suficiente para uma visualização que os faça sentir o clima, o estado de espírito dos personagens e o universo da história.


Pode-se tentar desviar disso com a mesma dica sugerida para descrições excessivas. Escreva livremente e depois ao reler, se pergunte o que você queria ter passado no texto e ficou faltando.


Identificar o que se quer alcançar é o primeiro passo para chegar lá.

  • Estude seus livros favoritos;

Sendo você um escritor, seus livros favoritos podem — e devem — fazer muito mais do que te entreter. Eles podem te inspirar e melhorar como artista.


Quais são suas cenas de livro favoritas? Aprofunde esse pensamento, releia essas cenas com um olhar de análise, estude-as, destrinche.


Essas perguntas podem ajudar:

  • Quais recursos da cena catalisaram suas emoções? Por que?

  • Consegue enxergar as intenções do autor por trás dos detalhes?

  • O que facilitou a sua visualização?

  • O que te causou impacto?

  • Há algo que sentiu ter “sobrado” na cena?

  • Quais elementos de fato ficaram gravados em sua memória após soltar o livro?

Escrever deve ser um estudo constante, o aprimoramento nunca acaba. Acredite, nunca chegará o dia em que você terá alcançado o limite do conhecimento, se sentará frente a sua mesa como um Deus e seus textos sairão perfeitos. Escrita criativa é um amontoado de processos e não só nossas obras precisam ser lapidadas antes de alcançarem o público, mas também a mente por trás delas.

  • Pense em imagens;

Imagens carregam em si o conceito principal da própria arte — o poder do simbolismo. O que faz as imagens evocadas pelas histórias nos marcarem é a representação simbólica que carregam. Nós enxergamos por trás das metáforas, interagimos com sentimentos e ideias num nível lógico.


O trabalho do escritor é criar uma interseção entre imagens e significado, o que reforça a importância do não conte, mostre. Quando a narração comenta demais a imagem proposta, o simbolismo se perde.


O que suas cenas falam no subtexto? O que você quer que elas falem? Que elementos podem ajudar? Quais já estão batidos e soariam forçados? Clima, iluminação, cores, são como temperos, valiosos, mas a falta de equilíbrio pode estragar tudo.


Pegar a manha disso vai além das técnicas de como organizar as palavras num parágrafo, além da ortografia e da gramática. Você pode ser muito bom nisso e não conseguir projetar imagens poderosas na mente dos leitores.


O primeiro passo é trabalhar nossas mentes para pensar de forma imagética. Colocar em na rotina, momentos para enriquecer o banco de imagens do cérebro, seja rolando o feed do Pinterest, assistindo séries e filmes, YouTube ou prestando atenção ao seu redor.


Às vezes nos prendemos em trama, estrutura, vocabulário, focamos todo o tempo livre em escrever ou ler nossas referências e nos esquecemos de exercitar esse outro lado. É como ir para a academia e esquecer de malhar as pernas.


Tire o melhor proveito do narrador;


Seja primeira, segunda ou terceira pessoa, siga o olhar de um único personagem ou vários, o narrador é uma das ferramentas mais importantes para cenas fortes. Através dos olhos do narrador o público receberá a história, se ele não for capaz de gerar conexão, o leitor não é conquistado.


O ideal é que a cena seja contada pelo ponto de vista de quem sofre as maiores mudanças, porém não é recomendável forçar, se for quebrar o esquema geral.


A dica é levar essa importância em consideração na hora de planejar a história, fazer uma escolha consciente das emoções que pretende evocar. Costumo ter dificuldades com essa parte, confesso. Fico mais confortável na primeira pessoa, mas nem sempre é isso o que a história pede. Ultimamente faço rascunhos de pequenas cenas em diversas vozes para testar qual melhor se encaixa.


Tirar o melhor proveito do narrador é explorar a construção de personagem por trás do ponto de vista. Afinal, o narrador não apenas diz o que acontece na cena, ele diz como vê, filtrado com seus valores éticos, morais, ideológicos, sua personalidade, estado de espírito e o contexto.


Verifique o diálogo;


Seu diálogo tem um propósito? Ele agrega ou é redundante com a narração? As vezes erramos por contar e não mostrar, sobretudo, no diálogo. Talvez sua cena não tenha soado forte, porque, por exemplo, um personagem disse que estava triste quando o leitor deveria ter percebido isso sozinho.


Analise se quando seus personagens falam, eles condizem com suas personalidades, com o local e o contexto. Tente ler as falas sortidas, você reconheceria de quem são, sem as tags de diálogo? Consegue sentir que emoção elas tinham enquanto falavam? Olhando para a cena como um todo, as falas são proporcionais aos acontecimentos?


Mantenha a descrença suspensa;


Sabe aquele momento, geralmente depois das apresentações básicas ou do incidente incitante, em que a história nos agarra e decidimos continuar por ali, pois precisamos saber o que acontece a seguir? Pois essa é a suspensão da descrença. Quando aceitamos a premissa que nos foi proposta, aceitamos as regras daquele universo, compramos a personalidade dos personagens e passamos a nos importar com o destino deles.


A suspensão da descrença é um voto de confiança. Ao passar desse estágio, o leitor confia que tudo aquilo mostrado a ele tem importância, seja no presente ou no futuro narrativo.

Se a sua cena em questão for inicial, há de se trabalhar mais para que ela crie esse estado no espectador. Se não, deve-se cuidar para que ela não o quebre.


Vejamos o que diz Samuel Taylor Coleridge, poeta, crítico e ensaísta, considerado um dos fundadores do romantismo na Inglaterra:


“Foi acordado que meus esforços deveriam ser dirigidos a pessoas e personagens sobrenaturais, ou pelo menos românticos, mas de modo a transferir de nossa natureza interior um interesse humano e uma aparência de verdade suficiente para buscar essas sombras de imaginação que desejem suspensão da descrença momentânea, o que constitui a fé poética.”

Ou seja, embora saiba que não está consumindo uma história real e esteja vagamente ciente de que determinados elementos da história não existem fora da ficção, ao dar uma primeira chance para a obra, o espectador espera ser convencido que naquele universo, todo o apresentado é possível, pois em meio aos tiros, bruxas e zumbis, há alguma realidade sustentando tudo, permitindo que o público mergulhe e se deixe enganar.


Geralmente os melhores combustíveis para a suspensão da descrença são a retratação fiel do comportamento humano, cujas reações e emoções costumam seguir um padrão sob determinadas circunstâncias; e uma construção coerente e interessante dos personagens.


Lembre-se de que a suspensão da descrença é um contrato entre autor e leitor, onde o autor se compromete a não só apresentar um mundo crível, mas a cumprir suas próprias regras. Se, por exemplo, seus zumbis não falam, eles não podem surgir cantando no meio da história — a menos que você tenha uma super justificativa para isso e é melhor ser genial! A palavra é consistência.


Atente-se também ao ponto de vista, ao limite de seu alcance. Um narrador dizendo mais do que pode ver ou mudando de repente de forma não planejada, pode deixar a suspensão da descrença em pedacinhos.


Equilibre o foco entre os personagens


Isso vive puxando meu pé de madrugada, porque minhas histórias costumam ter bastante personagens. Mas não podemos simplesmente jogá-los todos numa mesma cena porque seria mais fácil, certo? Sobretudo numa narração em primeira pessoa onde nem sempre é justificável que o narrador dirija atenção a todos os personagens presentes, como num rodízio.


A primeira dica é pensar no contexto. Esse elemento dirá não só a necessidade de atenção que demanda cada personagem, como quais realmente precisam estar lá.


Equilibrar o foco entre os personagens não significa que seja obrigatório todos terem o mesmo “tempo de tela”. Eles devem ter o tempo coerente para seus arcos no enredo.


Muitas vezes, o problema é que nos apegamos ao que escrevemos, mesmo soando fraco e nosso carinho especial por um ou outro personagem (ah, vai dizer que você não tem seus queridinhos?) dificulta cortar cenas onde eles estejam. Não tem jeito, o segredo é análise e em alguns casos a solução é rearrumar a cena para que apenas os personagens certos estejam no lugar certo, com o nível devido de iluminação sobre suas cabeças. Doendo no nosso ego artístico ou não.


Reforce o tom da cena


O que faz uma cena forte é mais do que os acontecimentos narrados ou quem está neles. É o tom evocado.


O tema (se houver) e o gênero da história costumam vazar em moderadas doses ao longo das cenas, progredindo enquanto a narrativa avança. Se sua cena soou fraca, pode ter faltado um pouco desse tempero.


Algumas cenas carregam emoções particulares que, amplificadas pelo escritor, ressoam no leitor. Por exemplo, se uma cena onde um personagem querido morre não soou triste, há um problema com o tom da cena.


O tom emociona o leitor — de uma forma ou de outra — e é isso que o engaja.


Analise a motivação


Não há drama sem conflito, frase comum no storytelling. Se você leu todo o artigo até aqui, sabe que conflito pode equivaler a mudança. Essa mudança está ligada à motivação.


Já disse que histórias são sobre um ou mais personagens indo de um ponto a outro, mas o que nos interessa é porque fazem isso. Como a mudança trazida pela cena, seja pequena ou grande, interna ou externa, afeta a motivação? Seja como for, precisa ficar claro. Se não desenvolver os personagens ou o enredo em nada, o leitor ficará com a sensação de tempo gasto em vão.


Adicione a tensão


Tensão é uma especiaria preciosa com cem por cento de aprovação. Onde couber adicionar, adicione, com certeza fortalece qualquer cena.


Tensão cria dissonância. Ou seja, a divisão entre um personagem e sua motivação, seus valores, segurança e etc. Ótimo para catalisar mudanças e desenvolver o arco de personagem. Além disso, seres humanos são criaturas curiosas por natureza. Tensão abre perguntas, perguntas fazem leitores continuarem virando páginas em busca das respostas.


Atenção: No centro das tensões estão os personagens, logo, elas só funcionam se os leitores se importarem com quem está sob estresse. Construa bem seus personagens ou nenhuma tensão narrativa funcionará. E certifique-se que os leitores saibam as consequências para onde a tensão empurra os envolvidos, do contrário ela não tem peso.


Acerte o ritmo


Uma cena de sexo muito arrastada ou um personagem processando seus sentimentos num piscar de olhos, pode não funcionar. Por que? Porque não se dança funk em ritmo de valsa. Ritmo é importante.


Analise sua cena. Que tempo ela pede? Faça os ajustes se necessário. Se precisar acelerar, diálogo curto e beats menores são boas ferramentas — deixam espaço em branco na página, passando uma sensação de velocidade. Para diminuir, pensamentos, descrição, falas longas e beats de ação podem ajudar.


Avalie a necessidade da cena


É isso, pode relaxar, chegamos ao fim. Só mais uma coisinha para fechar…


Junte tudo isso que leu até aqui com seu instinto de criador de histórias e sua melhor autocrítica. Pronto, você tem um radar de cenas fracas e é hora de usar. Por mais que doa, apesar dos nossos esforços, algumas cenas não tem conserto, elas simplesmente tem que ir.

Para ajudar seu radar, essas são algumas boas questões para adicionar a sua análise:


Os personagens falam muito uns com os outros, mas sem conflitos?

  • A cena parece uma configuração para outra cena?

  • As motivações dos personagens estão pouco desenvolvidas?

  • Há muita introspecção acontecendo?

  • Há pouca introspecção para explicar as motivações?

  • Há pouca tensão ou conflito entre os personagens?

  • Há pouca tensão ou conflito interno no protagonista?

  • A cena diz algo indispensável que não pode ser dito em nenhum outro lugar da obra?

  • Se retirada, essa cena deixaria um buraco na história?

  • A cena combina com a história?

  • A cena avança o enredo?

  • A cena estabelece humor, caráter ou qualquer compreensão importante?

Por último, a pergunta chave: essa cena deve continuar na história?

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